OTT – A busca por conteúdo original dá o tom de novo modelo de negócios
Já não é mais segredo que as empresas de OTT cruzaram o abismo para se tornar a fonte de entretenimento principal, particularmente frente a crescente penetração das Smart TVs, smartphones, tablets e outros dispositivos conectados. O modelo de negócios da OTT começou a significanetemente envolver, dado o sucesso de programas de televisão como “House of Cards” na Netflix, e há ainda mais investimento sendo feito na criação de conteúdo original. Também está se tornando clara a busca pela diferenciação na programação da parte da Netflix, Hulu, Amazon e outros, já que estão mudando os seus papéis para se tornarem complementares ao modelo de negócios de TV por assinatura e radiodifusão.
Ao passo que o mercado se desenvolve globalmente, as assinaturas de provedores de VOD como a Netflix estão se esforçando para oferecer programação e conteúdo original para seus assinantes, enquanto podem prover conteúdo de vídeo a qualquer hora, em qualquer dispositivo e em qualquer lugar. A previsão da MRG é que as assinaturas de provedores de VOD cheguem a perto de U$ 8 bilhões no mundo em 2017. A adoção continuada de Smart TVs, smartphones, tablets e outros dispositivos conectados já elevou o valor do mercado para U$ 4,7 bilhões, a empresa disse, enquanto o número de assinantes de VOD já passa dos 66 milhões. Em 2017 poderão ser mais de 120 milhões de assinantes.
A MGR escreveu que “os consumidores podem uma experiência personalizada e uma grande variedade de conteúdo disponível nesses dispositivos”. Serviços como a Hulu Plus, Netflix e outros, que permitem visualização em múltiplas telas são “bem posicionados para preencher essas expectativas”, disse a MGR.
A aquisição de conteúdo para VOD sempre foi um ponto de preocupação, considerando que o conteúdo foi sempre “monetizável” com quase a totalidade das assinaturas de VOD ao preço de menos de U$ 10 por mês. Isso fez com que a maioria dos atores do mercado ficasse com uma “biblioteca de conteúdo” praticamente composta de velhos filmes e temporadas passadas de séries, que poderiam ficar paradas nas prateleiras dos estúdios.
Em 2013, o negócio mudou dramaticamente e a maioria dos atores de OTT lançaram seus conteúdos originais. Hulu foi o primeiro a lançar algumas séries em 2011 e ganhou a simpatia dos consumidores.
A Netflix não revela a audiência de suas séries, mas uma pesquisa feita pela Cowen and Company feita a duas semanas do lançamento de “House of Cards” mostrou que 10% assistiu a série e, em média, 6 episódios de uma só vez. “O sucesso de “House of Cards” e o aluguel de 41 metros quadrados do Google em Los Angeles para produção, somada a outras iniciativas de produção de atores como Amazon, Hulu e outros, sugere que a produzir conteúdo original é uma tendência”, disse a Generator Research.
Também, a janela de lançamentos começou a melhorar para outros conteúdos. Até o momento, no ano passado, a CBS decidiu permitir que a Amazon Prime exibisse o hit de Stephen King “Under the Dome” na mesma semana que apareceu no cabo. Parte da razão para termos mais favoráveis (e, em contrapartida, mais conteúdo atrativo e bibliotecas mais robustas para os consumidores) é o fato de que o VOD pode reivindicar um continua escalada, tornado-se o maior provedor de conteúdo pago no mundo.
Também, emissoras de televisão e redes de TV a cabo estão começando a notar a existência de segmentos pouco explorados como os “cord-nevers”, que nunca pagaram por um serviço de satélite, cabo e assinatura de IPTV.
Mas, o modelo consegue sobreviver do ponto de vista financeiro a longo termo?
Investimento em conteúdo: não é o suficiente para assumir a TV a cabo
Em 2012, a Netflix gastou 48% de sua renda na compra de conteúdo, ou cerca de U$ 1,7 bilhões, a maior parte em licenças para transmitir produtos de terceiros. A quantidade gasta para produzir conteúdo original foi relativamente pequena: apenas U$ 100 milhões para duas temporadas de 13 episódios de “House of Cards” como exemplo.
“Proporcionalmente, isso é o valor que a Comcast gastou em conteúdo entre 2007 e 2012: 32,4% a 41,7% de sua renda”, notou a Generator Research. E acrescentou: “nós pensamento que existe pouca diferença real entre como o modelo tradicional de tv por assinatura funciona e como a OTT vai funcionar no futuro”.
Em outras palavras, os analistas indicam que os custos de aquisição de conteúdo, de marketing e de entrega de conteúdo não estão fora de controle. “De fato, os números mostram que a Netflix tem feito um bom trabalho de controle de custos enquanto o negócio aumenta”.
O que pode ser um problema é a estratégia de preços. A Generator acha que o conteúdo está subvalorizado e que a Netflix falha na análise de que o mercado pode ser segmentado para maximizar a renda.
Até 2017, a Generator estima que provedores de OTT como a Netflix, a Amazon, o Google, o Hulu e outros representarão 10% do tamanho do mercado da indústria audiovisual.
Conteúdo, o mais crítico diferenciador
No ano passado, a OTT teve a necessidade de revigorar seu modelo de negócios a medida que a estratégia TV Everywhere de algumas tvs por assinatura e sites de radiodifusores fizeram um bom trabalho ao oferecer acesso multiplataforma. Como resultado, ter conteúdo original se tornou um diferenciador.
A Amazon revelou o piloto de uma temporada de conteúdo original, “Gortimer Gibbon’s Life on Normal Street”, que foi criado por uma professora de pré-escola. Enquanto isso, a Netflix anunciou planos para levantar cerca de U$ 400 milhões e expandir na Europa.
Serão quase U$ 3 bilhões a serem investidos em conteúdo em 2014, e mais U$ 6,2 bilhões nos próximos 36 meses. O investimento em conteúdo original também vai crescer, representando 10% dos custos de conteúdo.
A Hulu anunciou as segundas temporadas de 4 programas que lançou em 2013: “The Awesomes”, “Behind the Mask”, “Moone Boy” e “Quick Draw” e, ainda, uma comédia que está co-produzindo com a Lionsgate Television, chamada até o momento de “Deadbeat”.
Como um diferenciador, é claro que a audiência responde bem ao conteúdo original. A oferta gratuita de OTT da Sony Pictures Television, o Crackle, conseguiu um novo record com sua série original “Comedians in Cars Getting Coffee”. O programa, que estrela Jerry Seinfeld, tem 25 milhões de visualizações, levando o título a série mais vista no serviço.
O You Tube também entrou no negócio do conteúdo original desde 2011, com um programa piloto direcionado para um pequeno grupo de parceiros de conteúdo. Canais pagos serão oferecidos com preços começando em 0,99 doláres por mês.
Adaptado da matéria nesse link